
O velho modelo de buscar o lucro a qualquer custo está colapsando diante de um consumidor mais exigente. O empresário que ignora o impacto social e ambiental de sua operação corre o risco de se tornar irrelevante. Ter um propósito claro não é mais filantropia, mas a única estratégia viável para garantir a longevidade e a preferência no mercado atual.
O lucro é consequência e não a causa final
Durante décadas, a máxima de Milton Friedman de que a única responsabilidade social da empresa era dar lucro dominou o empreendedorismo. No entanto, o cenário mudou radicalmente. Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, defende em suas cartas anuais que empresas sem um propósito social claro não sobreviverão no longo prazo. O lucro passou a ser visto como o oxigênio que mantém a empresa viva, mas não a razão de sua existência.
Negócios que operam apenas pela linha final do balanço perdem a conexão emocional com o público. A transformação cultural exige que a empresa resolva problemas reais da sociedade. Quando o negócio entrega valor genuíno para a comunidade, a receita financeira aparece como um resultado natural e sustentável da confiança conquistada.
Propósito como Alicerce
Um propósito genuíno é a base sobre a qual negócios verdadeiramente transformadores são construídos. Mais do que um discurso, ele direciona decisões estratégicas, atrai talentos alinhados e cria uma conexão emocional com clientes. Empresas guiadas por um "porquê" claro descobrem que o lucro deixa de ser um fim em si mesmo e se torna uma consequência natural do valor gerado para a sociedade.
Quem tem um porquê atrai os melhores talentos
A guerra por talentos qualificados não se vence apenas com salários altos. Relatórios da consultoria Deloitte apontam que os profissionais das novas gerações, especialmente Millennials e Gen Z, priorizam trabalhar em organizações cujos valores se alinham aos seus. Eles buscam significado no trabalho, não apenas um contracheque no fim do mês.
Para o empresário, definir e viver um propósito autêntico é a ferramenta mais poderosa de recrutamento e retenção. Funcionários engajados por uma missão maior produzem mais, inovam mais e vestem a camisa nos momentos difíceis. Uma cultura organizacional vazia gera rotatividade alta e custos operacionais invisíveis que corroem a eficiência.
Consumidores compram crenças e não apenas produtos
O ato de consumo tornou-se um ato político e identitário. O Edelman Trust Barometer revela que a maioria dos consumidores boicota marcas que não se posicionam diante de questões sociais ou ambientais. O cliente moderno quer saber a origem do produto, como os funcionários são tratados e qual o impacto daquela compra no mundo.
Marcas que conseguem comunicar seu manifesto de forma transparente criam uma lealdade inabalável. Não se trata de vender um café, mas de vender o apoio à agricultura sustentável. O produto vira um veículo para uma causa. Essa conexão emocional blinda a empresa contra guerras de preço, pois o consumidor vê valor intangível naquilo que está adquirindo.
O networking de impacto fortalece a cadeia
Empresas com propósito atraem parceiros semelhantes, criando um ecossistema de negócios mais robusto e ético. O networking deixa de ser uma troca de cartões interesseira para se tornar uma aliança de valores. Fornecedores, investidores e distribuidores preferem se associar a marcas que possuem boa reputação e baixo risco reputacional.
Participar de movimentos como o Capitalismo Consciente ou o Sistema B coloca o empresário em contato com uma elite corporativa que está definindo o futuro da economia. Essas conexões estratégicas abrem portas para fundos de investimento de impacto (ESG) e parcerias inovadoras que empresas tradicionais e focadas apenas no curto prazo não conseguem acessar.
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A resistência em tempos de crise vem dos valores
Quando a crise chega, empresas que têm apenas o lucro como meta tendem a cortar custos de forma desesperada, demitindo e quebrando contratos, o que destrói sua imagem. Já as empresas guiadas por um propósito possuem uma bússola moral que orienta decisões difíceis. Elas tendem a ser mais resilientes porque construíram um "banco de boa vontade" com seus stakeholders.
Estudos mostram que durante recessões, marcas com forte responsabilidade social recuperam seu valor de mercado mais rápido. O propósito funciona como uma âncora de estabilidade. Clientes e parceiros fazem esforços extras para salvar negócios que eles consideram importantes para o mundo, garantindo a sobrevivência da organização em mares revoltos.
O legado é a moeda mais forte do futuro
No final da jornada, o sucesso de um empresário não será medido apenas pelo patrimônio acumulado, mas pelo impacto positivo que deixou. Negócios que transformam a vida das pessoas constroem um legado que ultrapassa gerações. A verdadeira inovação é criar um modelo que regenere a sociedade e o meio ambiente enquanto gera riqueza.
O futuro pertence às empresas que entenderam que fazer o bem é um excelente negócio. Integrar lucro e propósito é a fronteira final da gestão moderna. Quem ignora isso está apenas ganhando dinheiro, mas quem abraça essa visão está construindo a história.



