globo e lapís num porta-lapís em um fundo laranja

Por que a sua marca falha ao tentar crescer no exterior?

Por

Anthony Dias

4 de dez. de 2025

Por que a sua marca falha ao tentar crescer no exterior?

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Anthony Dias

4 de dez. de 2025

globo e lapís num porta-lapís em um fundo laranja
globo e lapís num porta-lapís em um fundo laranja

Expandir fronteiras é o sonho de muitos, mas a realidade mostra que marcas consolidadas em casa frequentemente tropeçam lá fora. O problema raramente é o produto, mas a falta de sensibilidade para entender que o que funciona aqui pode ser irrelevante ou até ofensivo em outro lugar. O sucesso internacional exige humildade cultural e uma adaptação estratégica profunda para não perder relevância.

A arrogância de achar que o produto é universal

Um dos erros mais comuns no empreendedorismo internacional é a crença de que um produto vencedor no país de origem será automaticamente aceito em outra cultura. Essa miopia estratégica ignora as nuances locais de consumo. O que é considerado uma conveniência em um mercado pode ser visto como supérfluo ou de baixa qualidade em outro.

Estudos da Harvard Business Review mostram que a customização local (ou glocalization) é vital. Grandes redes de fast food, por exemplo, alteram drasticamente seus cardápios para agradar ao paladar regional. O empresário que insiste na padronização rígida acaba perdendo para concorrentes locais que entendem melhor a alma do consumidor.

A resistência em adaptar o produto muitas vezes vem do ego da marca. Contudo, a flexibilidade para mudar embalagens, sabores ou funcionalidades não é fraqueza, é inteligência de mercado. A aceitação do público depende de o produto parecer nativo, e não uma imposição estrangeira.

Gestão Forte, Fronteiras Abertas

A internacionalização bem-sucedida começa com uma gestão robusta e processos internos consolidados. Antes de cruzar fronteiras, é vital que a empresa possua governança clara, controle financeiro rigoroso e uma cultura organizacional sólida. Essa base gerencial não só fornece a estabilidade necessária para suportar a complexidade de operar em múltiplos mercados, mas também se torna o manual replicável para expansão, assegurando que a essência e a qualidade do negócio sejam mantidas em qualquer geografia.

Traduzir a mensagem não é adaptar a ideia

A comunicação é o campo minado da internacionalização. Muitos negócios falham porque investem apenas em tradução linguística, esquecendo a tradução cultural. Expressões, cores e humores que funcionam no Brasil podem não fazer sentido ou serem inadequados na Ásia ou na Europa.

O marketing global exige uma semiótica cuidadosa. O branding precisa ressoar com os valores locais. Uma campanha focada em individualismo pode fracassar em sociedades coletivistas. O empresário deve contratar agências ou consultores locais que compreendam os códigos invisíveis daquela sociedade.

Quando a marca não fala a língua emocional do país, ela se torna fria e distante. A conexão verdadeira acontece quando o consumidor sente que a empresa entende sua realidade. Adaptar a narrativa é tão importante quanto adaptar o preço.

Ignorar a força dos concorrentes locais

Ao entrar em um novo país, muitas marcas subestimam os players locais, acreditando que sua tecnologia ou prestígio internacional serão suficientes para desbancar quem já está lá. Esse é um erro fatal de avaliação de cenário.

Os concorrentes locais possuem algo que o dinheiro não compra rápido: conhecimento profundo do terreno e lealdade do cliente. Eles conhecem os gargalos de distribuição, as brechas da lei e as preferências não ditas do público. O networking com esses atores, ou ao menos o estudo respeitoso deles, é obrigatório.

Em vez de chegar com uma postura de conquista agressiva, marcas inteligentes buscam entender o ecossistema. Às vezes, a melhor estratégia é a parceria ou a aquisição, e não o confronto direto. Respeitar a competência local evita guerras de preços desnecessárias.

A falha em construir aliados de confiança

Tentar operar isolado em um mercado desconhecido é a receita para o desastre. A falta de um networking estratégico local deixa a empresa cega para riscos regulatórios e oportunidades ocultas. Sem aliados, a marca navega sem bússola.

É essencial cultivar relacionamentos com advogados, líderes comunitários e outros empresários da região. Essas pessoas funcionam como guardiões da reputação e aceleradores de confiança. O empresário que se fecha em sua própria bolha corporativa perde o acesso a informações privilegiadas.

Construir essa rede exige tempo e presença. Não se faz negócios duradouros apenas por e-mail. A presença física e o investimento em relações pessoais mostram comprometimento com o país e abrem portas que o capital financeiro sozinho não consegue abrir.

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Querer resultados imediatos sem paciência

A ansiedade por retorno financeiro rápido muitas vezes mata a operação internacional ainda no berço. A curva de maturação em um novo mercado é, quase sempre, mais longa do que o previsto no plano de negócios original.

Empresas que cortam investimentos ou mudam a estratégia a cada trimestre por falta de resultados imediatos transmitem insegurança. O mercado percebe essa volatilidade. A construção de brand equity (valor de marca) no exterior exige constância e uma visão de longo prazo.

O empresário precisa ter fôlego financeiro para suportar os primeiros anos de aprendizado. O lucro vem como consequência da consistência e da prova diária de que a marca veio para ficar e contribuir, não apenas para extrair riqueza e ir embora.

A marca global se constrói com respeito

No fim, as marcas que falham são aquelas que tentam impor sua vontade ao mercado, em vez de servir a ele. O sucesso global pertence a quem tem a humildade de aprender todos os dias com a nova cultura.

O verdadeiro líder entende que a internacionalização é um exercício contínuo de escuta. Quem sabe ouvir o cliente, o parceiro e até o concorrente, transforma desafios em vantagem competitiva. A sua marca só crescerá lá fora se ela souber, antes de tudo, pertencer.

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