
A excelência em gestão não nasce de fórmulas prontas. Ela emerge da combinação entre método, experiência prática, cultura forte e capacidade de adaptação ao contexto real do mercado. No Brasil, onde a burocracia é elevada, o ambiente competitivo é volátil e as empresas enfrentam desafios estruturais, gerir bem é mais do que uma competência: é uma necessidade estratégica. Líderes que conseguem equilibrar teoria e prática constroem empresas mais resilientes, inovadoras e preparadas para atravessar ciclos longos.
A boa gestão surge do hábito de observar o presente enquanto se constrói o futuro. Ela exige inovação contínua, capacidade de delegar, processos claros, decisões baseadas em evidências e, acima de tudo, um olhar humano sobre pessoas e cultura organizacional. É isso que diferencia negócios que apenas sobrevivem daqueles que crescem com consistência.
Na gestão real, teoria e prática caminham lado a lado
Embora livros de administração, métodos internacionais e modelos consagrados sejam fundamentais, a prática empresarial exige contextualização. No Brasil, questões como tributação complexa, burocracia e diferenças regionais mudam a dinâmica de decisão. Empresas que tentam copiar estratégias estrangeiras sem adaptá-las à realidade local tendem a fracassar.
A excelência nasce quando o gestor aprende a filtrar conceitos e aplicar somente o que faz sentido para o estágio, o tamanho e a cultura do seu negócio. Ter base teórica ajuda; combinar essa base com vivência prática acelera o crescimento.
O que revela o episódio com Filipe Colombo sobre gestão profissional na prática
No episódio do podcast do Empreendedores, Filipe Colombo, CEO da Anjo Tintas, explica por que gestão eficiente depende de adaptar a teoria à realidade brasileira.
Ele relata sua formação combinada entre faculdade e trabalho, defende inovação como estratégia de sobrevivência e mostra como a empresa estruturou laboratórios internos e um núcleo de pesquisa na UFSC, criando até uma tinta à base de grafeno.
Filipe reforça que o líder precisa pensar no negócio a 5 - 10 anos, tratar cada profissional como único e transformar erros em processos novos. O encontro deixa claro que excelência não vem de uma bala de prata, mas da soma de pequenas ações consistentes.
Inovação como estratégia de sobrevivência, não como moda
Negócios saturados, clientes mais exigentes e competição crescente tornam a inovação um pilar fundamental. Não se trata apenas de investir em tecnologia ou criar produtos novos, mas de pensar em duas curvas: A curva que sustenta a receita atual e a curva que pode virar o futuro da empresa.
Empresas que vivem só da curva presente ficam vulneráveis a mudanças rápidas. Já as que investem em pesquisa, testes e parcerias têm mais chances de construir diferenciação. O exemplo da Anjo, investindo mais em P&D do que em produção, mostra que inovação séria exige disciplina, curiosidade e investimento contínuo.
Cultura organizacional nasce de rituais, não de discursos
Cultura não é o que está escrito na parede, mas o que a liderança faz todos os dias. É formada por rituais, comportamentos repetidos, decisões tomadas sob pressão e exemplos vivos.
Gestores que promovem colaboração, escuta e alinhamento constroem uma cultura mais forte do que aqueles que apenas comunicam valores sem vivê-los.
Cultura forte dá velocidade, reduz atrito, diminui rotatividade e cria identidade. E esse processo exige um guardião, geralmente o CEO, que protege a cultura e garante que as ações reflitam os valores declarados.
Liderança humanizada: tratar cada profissional como único
Estudos de gestão de pessoas mostram que motivação é individual. Por isso, tratar todos da mesma forma não cria engajamento. A análise das motivações pessoais permite liderar com mais precisão.
Empresas que investem em relações humanas profundas têm times mais estáveis e produtivos. Isso reduz conflitos, fortalece pertencimento e cria uma organização mais preparada para crescimento sustentável.
Erros fazem parte do processo, desde que virem aprendizado
Gestão profissional não elimina falhas: ela transforma falhas em aprendizado. O problema não é errar, mas repetir o mesmo erro porque o processo não foi ajustado.
Organizações que punem erros criam medo e centralização. Organizações que documentam, ajustam e evoluem constroem inteligência coletiva.
Essa visão fortalece autonomia e reduz dependência do CEO. Algo essencial para que a empresa sobreviva a ausências, sucessões e mudanças.
A importância de o CEO pensar longe do operacional
Executivos que ficam presos ao operacional não conseguem enxergar o que está chegando nos próximos cinco anos. Liderar exige períodos de distanciamento estratégico para observar tendências, mudanças sociais, tecnologia e comportamento de consumo.
Essa visão de longo prazo orienta investimentos, evita decisões impulsivas e prepara a empresa para ciclos futuros. Sem esse olhar macro, a organização perde competitividade.
Presença digital do líder como ferramenta de gestão
O posicionamento digital não é vaidade. É estratégia. CEOs que comunicam cultura, propósito e visão atraem talentos melhores, criam identificação com clientes e fortalecem a reputação da marca.
A presença digital aumenta confiança e acelera conexões importantes. Quando feita de forma autêntica, torna o CEO um ponto de referência dentro do setor.
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Excelência em gestão nasce menos de métodos e mais dos comportamentos certos
Estruturar processos para não depender do fundador
Negócios dependentes exclusivamente do CEO são frágeis. A excelência exige processos claros, delegação eficaz, autonomia distribuída e indicadores confiáveis. Esses elementos permitem que a empresa funcione mesmo quando o fundador está fora.
Empresas sólidas têm sistema, não herói. Possuem processos, não improviso. Têm previsibilidade, não instabilidade constante.
Excelência é a soma de pequenas ações consistentes
Liderar exige disciplina, coerência e persistência. Não existe salto quântico em gestão. O que existe é a soma de pequenas decisões, hábitos e rituais que, repetidos diariamente, constroem excelência ao longo do tempo.
Quando teoria e prática se encontram, quando inovação convive com cultura, quando processos sustentam pessoas e quando erros viram aprendizado, a empresa se torna mais forte - e o líder também.



