
A Reforma Tributária do consumo, aprovada em 2023, inicia uma das maiores transformações fiscais da história brasileira. Para empresas de todos os portes, o impacto vai muito além das alíquotas: envolve tecnologia, processos, cadeia de fornecedores e capacidade de adaptação. Com mudanças escalonadas entre 2026 e 2033, o período de transição será longo, complexo e decisivo para a sobrevivência das organizações. Preparar-se agora não é uma opção, é um imperativo estratégico.
Por que a transição será mais complexa do que parece
Apesar da promessa de simplificação no longo prazo, instituições como a Fundação Getulio Vargas e a London School of Economics alertam que reformas estruturais do tipo IVA aumentam a complexidade nos primeiros anos. Isso ocorre porque sistemas antigos e novos convivem simultaneamente, exigindo adaptação técnica e reorganização operacional.
No Brasil, o cenário será semelhante. Entre 2026 e 2032, empresas poderão operar em regimes híbridos, ajustando notas fiscais, softwares, obrigações acessórias e fluxos de caixa a um modelo em constante construção.
O que diz o episódio com Douglas Rodrigues sobre os impactos reais da reforma
No episódio do Café com ADM, o jornalista Douglas Rodrigues, chefe de redação do Portal da Reforma Tributária, explica que a transição para o novo modelo de IVA será longa e cheia de armadilhas operacionais. Douglas reforça que, a partir de 2026, empresas não adaptadas correm risco real de ter notas rejeitadas e simplesmente não conseguir faturar. O convidado também discute o split payment, que enviará o tributo direto ao governo, reduzindo sonegação, mas pressionando o caixa das empresas.
Entenda os novos tributos e os efeitos sobre sua operação
A reforma cria dois novos impostos: CBS (federal) e IBS (estadual/municipal), em substituição a cinco tributos atuais. Inspirado nos IVAs de países como Índia e Nova Zelândia, o modelo promete reduzir cumulatividade e ampliar a neutralidade econômica.
Porém, essa migração exige que empresas revisem desde a codificação de produtos até a forma como emitem notas. Nada disso é automático: será necessário reconfigurar sistemas, revisar contratos e capacitar equipes internas, especialmente times fiscais e contábeis.
Atenção aos riscos operacionais a partir de 2026
Um dos pontos mais críticos é a possibilidade de rejeição de documentos fiscais por incompatibilidade com o novo modelo. Relatórios da Harvard Business Review sobre reformas estruturais mostram que empresas que deixam para se ajustar na fase final sofrem impactos maiores, incluindo paralisações e perda de fornecedores estratégicos.
Para evitar esse cenário, a recomendação é iniciar testes internos ainda em 2024/2025, com consultorias e contadores especializados. A transição não é apenas tributária, mas também tecnológica.
Prepare sua empresa para o split payment
O split payment enviará automaticamente ao governo a parcela correspondente ao tributo no momento do pagamento. Isso elimina o poder de manipular datas, reduz fraudes e amplia o controle estatal.
Do ponto de vista empresarial, o impacto imediato será no fluxo de caixa. Para muitos negócios, a liquidez já é curta. O split diminui ainda mais essa margem. Será fundamental replanejar prazos, renegociar contratos e fortalecer capital de giro.
PMEs precisam se antecipar às exigências de grandes empresas
A INSEAD Business School destaca que implementações fiscais complexas criam assimetria entre grandes empresas e PMEs. Enquanto grandes corporações já participam de ambientes de testes com a Receita, pequenas e médias tendem a reagir tarde.
Como consequência, fornecedores sem conformidade serão substituídos. Para quem está no Simples, e vende para grandes companhias, o alerta é claro: a adequação deve começar imediatamente.
Mapeie impactos setoriais e reveja sua estratégia
O novo modelo redistribui carga tributária, e a previsão geral é:
Indústria tende a pagar menos.
Serviços, especialmente B2B, tendem a pagar mais.
Varejo terá impactos mistos, dependendo da cadeia.
Esse cenário exige planejamento de preço, reorganização de portfólio e eventual reposicionamento estratégico.
A reforma não é neutra, nem universalmente benéfica. E empresas precisam recalcular rotas.
O que aprender com a experiência internacional
A Índia, que implementou sistema semelhante em 2017, experimentou anos iniciais de caos operacional, seguidos por aumento de produtividade e maior atração de investimentos.
Pesquisadores da University of Delhi e relatórios do FMI mostram que o aprendizado coletivo, aliado à digitalização, é o que torna o IVA mais eficiente ao longo do tempo.
No Brasil, o percurso deve ser semelhante: turbulência no curto prazo, ganhos estruturais no longo.
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Transforme a reforma em vantagem competitiva
Assim como afirmado por Peter Drucker, mudanças profundas favorecem quem se prepara antes dos demais.
A Reforma Tributária será turbulenta, mas pode ser uma oportunidade de reorganizar processos, integrar sistemas, reduzir desperdícios e modernizar operações.
Empresas que começarem cedo chegarão em 2032 com mais controle, previsibilidade e competitividade enquanto as despreparadas enfrentarão riscos operacionais severos.
Reforma é risco e oportunidade: cabe ao empreendedor decidir qual lado ocupar
A transição para o IVA exige educação, tecnologia e velocidade de adaptação. Negócios que tratam o tema com urgência constroem vantagens; negócios que subestimam a transição acumulam riscos.
A Reforma Tributária não será simples. Até 2032, ela exigirá disciplina, planejamento e visão estratégica. Mas quem se prepara agora transforma um cenário de incerteza em um caminho claro de crescimento e modernização.




